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NRE Toledo

07/08/2013

NRE implanta EJA Indígena em Diamante do Oeste

Teve início no dia de ontem, 06/08, as aulas na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – EJA Indígena, no Colégio Estadual Indígena Kuaa Mbo'e, na Aldeia Indígena Tekoha Añetete, em Diamante do Oeste.

Para marcar o início das atividades foi realizada uma aula inaugural, no dia 05 de agosto, com presença do Chefe do NRE, Léo Inácio Anschau, do Coordenador de Educação Indígena, Ervino Frederico Pott, da Coordenadora de Educação de Jovens e Adultos, Simone Dietrichkeit Zucchi, do Vice-prefeito do Município, Antonio Benedito Prodozzimo, da Secretária de Educação do Município, Gerlei Salete da Silva, do Cacique da aldeia, João Joetavy Miri Alves, além de Professores do Colégio, autoridades e demais integrantes da Comunidade Indígena.


O chefe do NRE, Léo Inácio Anschau, parabenizou a comunidade pelos bons resultados apresentados na educação.

O diretor do Colégio, Professor Jairo César Bortolini, explica que a oferta da EJA Indígena é a realização de uma aspiração antiga e o atendimento de uma solicitação da própria comunidade que, durante muito tempo, não teve atendimento para os alunos adultos. “Temos uma faixa etária de alunos entre 40 e 60 anos de idade, principalmente na Fase I, sendo pessoas que nunca tiveram acesso à escola e agora estão tendo a oportunidade de iniciar os seus estudos. A EJA vai oportunizar a eles, além dos conhecimentos universais, o fortalecimento da cultura guarani, dentro da proposta da educação escolar indígena”, afirma.

A modalidade irá atender em torno de 50 a 60 alunos, em três turmas coletivas, de EJA Fase I (1º ao 5º ano), EJA Fase II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio, respectivamente, além de atendimento individual nas quartas feiras. A expectativa é que essa demanda aumente a partir da formação das primeiras turmas, devido a motivação da comunidade, que possui em torno de 350 integrantes. “É importante lembrar que o colégio já atende, na modalidade regular, em torno de 110 crianças e adolescentes”, salienta o diretor.

Conquista
De acordo com a Coordenadora de EJA no NRE, Professora Simone Dietrichkeit Zucchi, a implantação da EJA Indígena foi um grande desafio. “Foram três anos de árduo trabalho e parceria entre a Coordenação de Jovens e Adultos e Coordenação de Educação Indígena, com intuito de que o Conselho Estadual de Educação – CEE-PR – aprovasse a Proposta Pedagógica da modalidade EJA Indígena. Esse processo foi trabalhado desde o início de 2010 e autorizado pelo CEE-PR, no final de 2012”.


Para que o processo ocorresse com tranquilidade, o NRE teve o primeiro semestre de 2013 para orientar e capacitar a equipe pedagógica e administrativa do Colégio. “Este acompanhamento deve ser contínuo tendo em vista que é uma nova realidade”, afirma Simone.

A solicitação da modalidade indígena surgiu durante uma formatura do Programa Paraná Alfabetizado – PPA, no final de 2009, quando a comunidade indígena, especialmente os mais velhos, solicitaram a continuidade de seus estudos. “No NRE Toledo já havia o atendimento educacional aos indígenas na forma de Ações Pedagógicas Descentralizadas no Ceebja Valdir Fernandes, em Guaíra, e no Ceebja Santa Helena, municípios onde há aldeias indígenas, mas a implantação em uma Escola/Colégio Indígena nunca havia acontecido”, destaca Simone.

De acordo com Jairo Bortolini, é importante que o indígena estude dentro da sua comunidade, onde ele se sente à vontade para desenvolver as suas atividades escolares. A Escola Indígena tem a particularidade de oferecer uma educação bilíngue, quando são trabalhadas a Língua Guarani, juntamente com os costumes e cultura indígena. “É a educação escolar, dentro do que os indígenas valorizam e dentro das Diretrizes da Educação Estadual, unindo e atendendo a essas duas exigências”, ressalta.

O Vice-Cacique, Agostinho, é um dos alunos a iniciarem seus estudos. Para ele, o estudo será um grande diferencial. “É importante porque viajo bastante, falando sobre a cultura indígena fora da aldeia e para aprender a conversar com os outros, pegar informações. É importante porque fica registrado, no papel e a ajuda a não esquecer. Também divulgo a cultura do povo, quero aprender a escrever o nome dos remédios no papel, fazer a receita, para anotar os ingredientes”.

Matriz Curricular
Além da disciplina de Língua Portuguesa, a matriz curricular da EJA Indígena oferta a Língua Guarani, respeitando a interculturalidade. João Mirialva, Cacique da Aldeia e professor de Guarani, explica que o estudo é importante porque traz o aprendizado para quando sair da aldeia saber falar sobre a cultura e a vida do indígena. “A gente já fala a língua, mas precisamos aprender a escrever e ler o Guarani. Isso é importante para manter a língua indígena, manter a cultura e defender nossos direitos e nosso modo de ser. É o mais velho que conta e guarda os arquivos (histórias orais) dos nossos conhecimentos, a partir daí o professor guarani precisa estar junto com eles, nas casas de reza, no dia a dia e também na Escola”.

Outro professor indígena de Guarani, Vicente Ava Jegavyju, diz que entendeu a necessidade de estudar quando precisou fazer uma tradução para o português. “Meu pai, que era o Chamoe, o rezador, não sabia falar o Português, então me chamaram para traduzir o que ele estava falando. A partir daí percebi que era necessário estudar e aprender mais, ir sempre em frente”.


O Cacique, João Joetavy Miri Alves, falou aos presentes sobre a importância do estudo e da educação para o registro, divulgação e valorização cultura indígena.

Segundo o chefe do NRE, professor Léo Inácio Anschau, a EJA Indígena é uma modalidade de ensino que atende a todas essas particularidades, com uma matriz curricular voltada para a realidade do dia a dia da aldeia, oportunizando um avanço na área intelectual e na área educacional. “Muitos alunos indígenas estudaram e hoje são professores, dentro das aldeias, nas escolas indígenas. Ficamos entusiasmados quando sabemos que alguns estão concluindo ou já concluíram o Ensino Médio e estão se preparando para fazer a graduação”, disse.

Anschau destaca ainda o papel da educação no processo de transformação social. “Essa caminhada será de muito sucesso e, à medida que o tempo vai passando, vamos formar no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, pessoas que terão a oportunidade, através da educação, de ajudar a transformar a sociedade na qual eles convivem. A nossa região, de maneira especial, a comunidade de Diamante do Oeste, que possui duas escolas indígenas, tem a oportunidade de auxiliar na transformação dessas aldeias e das pessoas que lá vivem, criando grandes espaços de integração social”, conclui.

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