O Sareh oferece apoio educacional aos alunos que estão impossibilitados de frequentar a escola devido à internação hospitalar ou tratamento de saúde


Ficar dez meses sem ir para a escola por algum problema de saúde provavelmente significaria perder o ano letivo. Mas, Valdirene Tavares, de 14 anos, conseguiu realizar o tratamento de um câncer no rim e ainda acompanhar a turma. No ano passado, ela teve todo o conteúdo em casa, fez as provas e em outubro voltou para a escola e concluiu os estudos. Ela fez parte de um projeto que leva educação para os alunos que precisam se afastar por meses da escola para tratamentos.

O Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh) da rede estadual de educação atende os estudantes que por alguma doença não têm condições temporariamente de frequentar as salas de. “Para mim foi fundamental porque meu maior medo era ficar para trás, reprovar”, comenta a aluna. Ela explica que desde o início do ano letivo de 2012 teve aulas em casa. Eram três professores que revezavam as matérias três vezes por semana.

Todo o conteúdo que os demais alunos estavam vendo em sala de aula Valdirene teve acesso em casa, enquanto realizava o tratamento médico e se recuperava da doença. “Eu tinha que estudar, fazia as provas normalmente e não perdi nada. Acho que aprendi muito neste tempo, foi importante para meu aprendizado e também para mim”, conta ao garantir que a presença dos professores e a ocupação com os estudos foi parte primordial em sua recuperação.

“Eu não tinha contato com mais ninguém, tinha vergonha de sair na rua, e aos poucos fui entendo, e eles me ajudaram muito”, lembra. A aluna ressalta que outro trabalho importante foi na sua volta à escola. Ela tinha receio de não ser bem aceita, de olhares estranhos e reprovadores. “Mas pelo contrário, todo mundo no colégio estava entendendo o que eu tinha passado, me receberam muito bem e fiquei feliz”, engrandece.


Em Casa

O Sareh oferece apoio educacional aos alunos que estão impossibilitados de frequentar a escola devido à internação hospitalar ou tratamento de saúde. Para os alunos com atestado médico de mais de 90 dias, a escola pode solicitar atendimento à Secretaria de Educação, comprovado por laudo médico. “O processo de encaminhamento é feito pelo Núcleo de Educação, porém a liberação é feita pelo Governo do Estado”, explica a técnica pedagógica, Lisiane Kieling.

A responsável salienta que sempre que o aluno estiver em tratamento de saúde, é muito importante que a família ou o responsável apresente o laudo médico para que o processo seja encaminhado. “Após a apresentação do documento é feita uma visita ‘in loco’, em seguida é elaborado o processo para abertura de demanda para o professor domiciliar”.

O processo de educação acontece no domicílio, enquanto o aluno se recupera ou no hospital. “O objetivo é que os alunos possam continuar o processo de escolarização e voltem ao ambiente escolar sem perdas de conteúdo das disciplinas”.

Na modalidade hospitalar, o programa atende alunos de escolas públicas e particulares em idade escolar, que estejam ou não matriculados no ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos. Nesse caso, a solicitação é feita através da administração do hospital. As aulas são ministradas no quarto, ambulatório ou sala de aula hospitalar.

Em Toledo, não há convênios com os hospitais do município, no entanto, alunos internados em outros municípios recebem o atendimento na unidade de saúde. Atualmente No Núcleo regional de Educação de Toledo (NRE) três alunos estão sendo atendidos pelo serviço.

O filho de Ivete Gucket, de 13 anos, é um dos alunos. Em Marechal Cândido Rondon, ele recebe as aulas em casa desde agosto do ano passado. “Este projeto é muito bom porque ele estaria perdendo este conteúdo, depois seria difícil recuperar. Provavelmente teria que repetir o ano”, avalia.



Adaptação

O programa de escolarização foi criada em 1997. O trabalho é desenvolvido por um pedagogo e por três professores. Eles atuam em áreas diferentes: ciências exatas, ciências humanas e linguagens. “O trabalho é semelhante o da escola. O professor acompanha individualmente o aluno, define os conteúdos e elabora estratégias específicas para o aprendizado do mesmo, além de montar e adaptar materiais quando preciso”.

Os três professores são liberados para o atendimento mediante a autorização do médico do educando. “Lá eles lecionam os conteúdos das disciplinas, evitando que o aluno perca o processo de aprendizagem e quando recuperado retorne normalmente à escola. É um trabalho com resultado muito positivo”, comenta a pedagoga Gilvane Guidolin.

Fonte:
Jornal do Oeste - Publicado em 21/04/2013
http://www.jornaldooeste.com.br/cidade/alunos-em-tratamento-de-saude-tem-aulas-no-hospital-e-em-casa-45796/

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